Acerca de

Análise Bioenergética
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Wilhelm Reich, pai da Psicologia Corporal
Esta é uma abordagem de psicoterapia corporal criada por Alexander Lowen e seu colaborador John Pierrakos em meados de 1950, derivada da obra do psicanalista Wilheim Reich, precursor da Psicologia Corporal. A Análise Bioenergética compreende o corpo e a mente como uma unidade funcional, cujas partes interagem e se influenciam dialeticamente1. Assim, tudo o que é registrado afetivamente na psique, é também impresso corporalmente e vice-versa. Reich e Lowen nos ensinaram como desde o nascimento – e depois Boadella2 nos mostrou como desde a concepção – em nosso corpo são impressas todas nossas vivências. O corpo, assim como a psique, possui um fluxo natural de desenvolvimento, e determinados eventos, alguns mais fortes outros sutis mas reincidentes, aos quais chamamos traumas, interrompem ou marcam este desenvolvimento.
Estas marcas interferem no que seria a evolução plena do organismo, originando, de acordo com a intensidade e a fase em que se dá o trauma, limitações e recursos que caracterizam padrões de funcionamento, que irão formar o que chamamos de caráter. Estes, por sua vez, são sustentados por mecanismos de defesa com a função de conter a expressão de emoções e impulsos e de impedir o contato com o sentir para evitar o sofrimento, além de consumir a energia de pulsões mais profundas e que não possuem forma de descarga adequada no organismo neurótico; são as couraças de caráter (GARCIA, 2010). As couraças são desenvolvidas pelo organismo para lidar com aqueles eventos traumáticos da melhor maneira possível, mas acabam por cristalizá-lo em torno dessa forma de reação. Ao mesmo tempo em que se imprimem na psique, as couraças são também incorporadas, ou “corpadas”, de modo que a estrutura e modo de funcionamento corporal sustentam e refletem os padrões psíquico e vice-versa.

Alexander Lowen, criador da A.B.
Através da leitura do corpo e de nosso modo de agir na vida, a Análise Bioenergética permite que sejam revelados esses padrões de funcionamento psíquicos e, por meio do trabalho corporal associado à análise verbal, potencializa a emergência de conteúdos inconscientes e contribui para a flexibilização das couraças. Além da liberação da energia antes empregada para a manutenção dos bloqueios que as compõem, essa flexibilização permite que o indivíduo utilize os recursos que possui e que ainda desenvolverá, conforme houver necessidade, estando apto a responder de forma mais espontânea e autêntica aos eventos da vida, ao invés de se manter preso a antigos padrões de comportamento.
Nos atendimentos individuais, a psicanálise é a base para a compreensão da história de vida da pessoa atendida, e para o trabalho com a transferência e contratransferência. O corpo é lido pela terapeuta a todo momento, na busca por sinais de necessidades não expressas, sentimentos e emoções ainda não compreendidos e padrões de comportamento disfuncionais, por exemplo. A partir dessa leitura, assim como da percepção do campo energético, são propostos trabalhos corporais a fim de liberar algum fluxo bloqueado. Seja pela liberação e expressão de emoções, reprimidas ou até então desconhecidas, pela vivência de ações e reações antigas e novas, pela simples conscientização sobre a respiração e as sensações corporais, entre outros.
Nesse sentido, o trabalho da Análise Bioenergética busca o aumento do fluxo de energia rumo a um funcionamento mais saudável do organismo, possibilitando uma vida com mais fluidez, equilíbrio, espontaneidade e prazer.
[1] Utilizo a concepção moderna do termo dialética que, conforme Konder, “é o modo de pensarmos as contradições da realidade, o modo de compreendermos a realidade como essencialmente contraditória e em permanente transformação (KONDER, 1981, p. 7).
[2] Criador da Biossíntese, outra vertente de psicoterapia neorreichiana.
Referências
GARCIA. J. G. S. A couraça como currículo oculto. Tese (Doutorado). Faculdade de Educação, USP, São Paulo, SP: 2010.
KONDER, L. O que é dialética. (Coleção Primeiros Passos). São Paulo, Brasiliense, 1981.
LOWEN, A. O Corpo em Terapia. São Paulo: Summus, 1977.
REICH, Wilhelm. Análise do caráter. 3. ed. Tradução de Ricardo Amaral do Rego. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
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